Pera, uva, maça ou salada mista? Lembra?

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Salada mista era uma brincadeira que fazia o coração da criançada acelerar na década de 80. Primeiro, porque tinha que ser feita em lugares bem escondidos para evitar que os pais descobrissem. A adrenalina de estar fazendo “coisa errada” se juntava com a possibilidade de dar um beijinho em uma garota, ou garoto no caso das meninas. Melhor ainda se fosse em quem você gostasse.

O fato é que foi das brincadeiras mais tradicionais dos anos 80. A salada mista também era conhecida por pera, uva ou maçã em alguns lugares. Naquela época, a brincadeira era até ingênua e infantil, diferentemente dos dias de hoje. Ou seja, não existia qualquer maldade e as crianças ou adolescentes só pensavam em uma coisa: se divertirem. Em um grupo de alunos formado por meninos e meninas, um deles deve ser escolhido para ser o mestre, ou seja, a pessoa que irá começar o jogo e que terá a função de vendar os olhos de um menino ou menina. A partir desse momento, forma-se uma roda com os outros participantes da brincadeira. O mestre então conduz a menina(o) e vai perguntando a ela(e): “É este(a)?”. O jogador que está com os olhos vendados deve dizer “sim” ou “não”.

Se o jogador disser “não”, o mestre continua apontando para outra pessoa até a resposta ser positiva. Aí, quando ele(a) responde “sim”, o mestre pergunta: pera, uva, maçã ou salada mista? Ainda de olhos fechados, o participante da brincadeira deve escolher uma fruta e pagar a prenda ao participante para quem ele disse “sim”. Na próxima rodada, quem recebeu a prenda escolherá a fruta, e assim por diante.

Para que nada desse errado, afinal as crianças e os adolescentes não queriam beijar qualquer um(a), sempre se dava um jeitinho para saber se aquela pessoa que estava a sua frente era a pessoa desejada. Assim poderia rolar um beijinho, e quem sabe até iniciava-se um namoro durante a brincadeira.

Mas, você sabe o que significa pera, uva, maçã ou salada mista? É muito simples. Pera significa dar um aperto de mão; uva, um abraço; maçã, um beijo no rosto; e salada mista, um aperto de mão, um abraço e um beijo na boca. Na verdade, um selinho, mas que na época fazia nosso coração bater bem mais forte.

Lembra da Super Vicky? Que fim levou?

Um cientista inventa um robô tão, tão, mas tãããão avançado que nem parece máquina. Parece uma menina normal de 10 anos. Com medo de colegas de trabalho gananciosos fazerem mau uso de sua criação, ele leva o androide para sua própria casa. Este é o ponto de partida de ‘Small Wonder’, série americana que fez bastante sucesso nos anos 80 — no Brasil, passava nos fins de tarde, às sextas, numa época em que ainda nem sonhavam inventar ‘Malhação’. Só que aqui foi rebatizada como ‘Super Vicky’, referência ao nome da protagonista, vivida pela atriz Tiffany Brissette.

Em 2015, faz trinta anos que a série estreou nos Estados Unidos, o que me motivou a ir atrás dessa turma querida que marcou a infância de muita gente: foram quatro temporadas, ao todo. Além da exibição na Globo nos anos 80, o seriado voltou na década seguinte, nas tardes da Record: ou seja, foi vista por gente de gerações variadas.

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A conclusão triste é que NINGUÉM do elenco principal vingou no meio artístico. Conseguiram um ou outro papel pequeno, participações igualmente diminutas e teve até gente que virou sem-teto. Felizmente, teve quem se encontrou em outras dignas profissões.

Tiffany Brissette (Vicky) — Tudo bem que fazer o papel de um robô não exige muita variação de expressões e emoções. Mas até que ela não se saía tão mal, viu? Além do quê, tinha muito carisma e era uma criança linda. Ganhou o papel principal de outra criança-prodígio dos anos 80, Heather O’Rourke — aquela loirinha do filme Poltergeist, lembra? Depois que sua série saiu do ar, em 1989, Tiffany apareceu em algumas outras, como Parker Lewis. Formou-se em psicologia e, na última vez que se teve notícia dela, tinha feito também enfermagem e trabalhava como enfermeira. Completou 40 anos em 26 de dezembro.

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Jerry Supiran (Jamie Lawson) — Irmão de Vicky no seriado (no começo, eles a apresentavam como prima, depois a adotaram), foi o que teve o destino mais dramático até o momento: virou mendigo. Pelo menos durante uma fase, em 2012, quando ele relatou a um tabloide americano que uma namorada stripper e um empresário escroque haviam roubado dele mais de 500 mil dólares. Em 2013, aos 40 anos, deu entrevista ao TMZ em que pedia a chance de entrar no programa ‘Dancing With The Stars’, o ‘Dança dos Famosos’ lá dos Estados Unidos. Não conseguiu, coitado. #ForçaJamie #BringOurJamieBack

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Emily Schulman (Harriet Brindle) — A vizinha enxerida e apaixonada por Jamie chegou a ganhar prêmios de atriz infantil por seu trabalho no seriado. Isso garantiu vida útil ligeiramente maior para sua carreira, que se estendeu até 1995. Seu último trabalho foi um filme feito para a televisão chamado ‘Christy’. Desde então, atuou como agente de artistas e dando aulas de atuação. Está com 37 anos e teve três filhos, todos de nomes atípicos: Lasarina, Maev e Colm.

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Marla Pennington (Joan Lawson) — Eu adorava a mãe do Jamie e fiquei bem triste quando fui procurar por ela no IMDB, um site que é bem criterioso e registra tudo que os artistas fazem, sejam produções pequenas ou internacionais. Até os trabalhos de atores do Brasil, por exemplo, aparecem lá. Quais ela fez depois de Super Vicky? Nenhum. Zero. Nadica de nada! Está hoje com 60 anos e, como se vê, envelheceu muito bem pois continua uma mulher linda.

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Dick Christie (Ted Lawson) — O pai bonitão do Jamie, criador da robô Vicky, é o único que ainda aparece no vídeo. Esteve na novela ‘The Bold and the Beautiful’ entre 2013 e 2014 e, quatro anos antes, apareceu na série hit cult ‘Breaking Bad’. Está atualmente com 66 anos.

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